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22 de setembro de 2025
Coisas que não te contaram sobre sua mente e você talvez não sabia.

A mente humana é muiiito mais complexa e surpreendente do que costumamos imaginar. Muitas funções ocorrem “por baixo do pano”, fora da consciência ativa, mas que nos afetam profundamente. Aqui estão descobertas científicas fascinantes, algumas desafiadoras, mas úteis para quem busca autoconhecimento e mudança.


O que a ciência vem mostrando?


O inconsciente realmente influencia nosso comportamento.


Psicologia cognitiva, neurociência e psicodinâmica concordam que muito do que pensamos, sentimos e fazemos é afetado por processos aos quais não temos acesso direto. Memórias, desejos, emoções antigas, crenças internalizadas, tudo isso pode operar “nos bastidores”.


Defesas psíquicas (ou mecanismos de defesa) não são só “coisa de Freud”, há evidência empírica.


Mecanismos como repressão (bloqueio inconsciente de memórias ou emoções dolorosas) estão bem documentados. Essas defesas servem para proteger o ego, mas quando usadas demais ou inadequadamente, podem causar sintomas de ansiedade, depressão ou disfunções emocionais.


A mente adaptativa / inconsciente adaptativo (“adaptive unconscious”)


Há estudos que indicam que muitas de nossas decisões e preferências são geradas pelo inconsciente, de forma rápida, automática, eficaz para lidar com o mundo, sem que o consciente precise intervir. Ele interpreta sinais sutis, padrões, experiências prévias, mesmo sem que percebamos.


Priming inconsciente: estímulos que você nem percebe afetam suas escolhas.


Se você é exposto, sem estar consciente, a uma palavra, imagem, cheiro ou ambiente, isso pode moldar suas respostas comportamentais depois, por exemplo, você pode se comportar de forma diferente ou sentir “algo” mesmo sem lembrar do estímulo inicial. Esse é o priming. Há críticas quanto ao quanto ele realmente opera em todos os casos, mas a evidência existe.


Pensamentos suprimidos podem se tornar mais fortes (“efeito irônico”)


Existe o que Daniel Wegner e outros chamam de ironic process theory (teoria do processo irônico): quando você tenta não pensar em algo, justamente isso pode tornar o pensamento mais presente. Ex: alguém que tenta não pensar em “não consigo” acaba pensando muito mais.


Estados mentais de “mente em branco” (mind-blanking)


Em momentos, a mente simplesmente para de gerar pensamentos conscientes — não é exatamente meditação, nem distração, mas um estado breve onde há uma redução ou cessação de conteúdo mental consciente. Pesquisas com EEG e fMRI mostram que nesses momentos há padrões cerebrais semelhantes a alguns estados do sono profundo.


Sonhos e conteúdos latentes


Na teoria psicanalítica (Freud), os sonhos contêm conteúdos manifestos (o que vemos/lemos no sonho) e conteúdos latentes — desejos, medos, conflitos inconscientes expressos de forma simbólica. Embora nem tudo disso seja empiricamente verificável da forma como Freud propôs, muitos estudos modernos de cognição, neurociência e psicologia emocional reconhecem que sonhos podem ajudar a processar emoções não resolvidas.


“Você acha que decide, mas às vezes a decisão já está sendo tomada antes de você perceber”


Estudos clássicos (inclusive em tarefas de tomada de decisão, prêmios e riscos) mostram que reações fisiológicas, ativação cerebral, inclinações emocionais precedem a consciência da decisão. O exemplo da tarefa Iowa Gambling Task: participantes demonstram resposta de estresse a decks ruins antes de estarem conscientes de quais decks são ruins.


Viés cognitivo: nossas crenças inconscientes filtram o mundo.


Crenças profundamente internalizadas moldam como percebemos eventos, interpretamos intenções alheias, reagimos ao que acontece. Coisas como viés de confirmação (achar evidências que confirmam crenças que já temos), heurísticas de disponibilidade etc. são parte disso. Muitas vezes não percebemos que estamos enxergando o mundo por lentes moldadas por experiências prévias, cultura, família, traumas.


Técnicas práticas para lidar com essa “mente oculta” e usá-la a seu favor.


Autoobservação (mindfulness; atenção plena)


  1. Objetivo / O que traz


Aumentar consciência do presente, dos pensamentos automáticos, sensações corporais, emoções, sem julgamento. Traz clareza sobre padrões mentais que normalmente passam despercebidos.


  1. Como aplicar?


Prática diária de meditação guiada ou não (ex: 5-10 min). Usar âncoras como respiração, sons, ou o corpo. Observar pensamentos que surgem sem se apegar.


Journaling / diário psicológico


  1. Objetivo / O que traz


Escrever ajuda a tornar consciente pensamentos, emoções, crenças. Ao externalizar, percebemos padrões ou temas repetidos.


  1. Como aplicar?


Todas as noites, ou em momentos de crise, escrever o que se sentiu, quais pensamentos repetidos surgiram, o que irritou, o que trouxe alívio. Ler depois para identificar padrões.



Análise de sonhos


  1. Objetivo / O que traz


Usar sonhos como pistas para conteúdos inconscientes: medo, desejo, conflito não resolvido.


  1. Como aplicar?


Anotar sonhos logo ao acordar; refletir sobre símbolos (o que te lembra), sobre emoções presentes no sonho. Converse comigo sobre isso através do meu whatsapp 11-98223.7560.



Técnica da “linha do tempo” pessoal


  1. Objetivo / O que traz


Ver sua vida como um todo, identificar eventos marcantes, traumas antecipados, e como eles moldam crenças atuais.


  1. Como aplicar?


Fazer uma linha do tempo: infância, adolescência, vida adulta; marcar momentos de alegria e dor; refletir quais crenças surgiram em cada fase; escrever como essas crenças influenciam decisões hoje.



Desafio de pensamentos automáticos / reestruturação cognitiva


  1. Objetivo / O que traz


Críticas silenciosas que fazemos a nós mesmos ou crenças negativas podem estar inconscientes; essa técnica ajuda a questioná-las.


  1. Como aplicar?


Quando surgir pensamento negativo, anote: “O que exatamente pensei?”, “Quais evidências tenho de que isso é verdadeiro?”, “Há contra-evidências?”, “Existe modo de reformular esse pensamento de forma mais realista e gentil?”.



Exercícios de imaginação futura


  1. Objetivo / O que traz


Contrabalancear padrões defeituosos do passado com visões de futuro que integrem seus desejos autênticos.


  1. Como aplicar?


Imaginar onde você quer estar em 5-10 anos; escrever um “roteiro de futuro”; usar visualizações (imagens, música) para sentir como seria viver desse modo.



Intervenção corporal / somática


  1. Objetivo / O que traz


A mente inconsciente também se expressa no corpo — tensão, sensação, sintomas. Trabalhar corporalmente ajuda desbloquear o que está guardado.


  1. Como aplicar?


Práticas como ioga, dança, respiração consciente, terapia focalizada no corpo (somática), ou mesmo notar tensões frequentes no corpo e fazer relaxamento ou alongamentos.



Psicoterapia (especialmente psicodinâmica/neuropsicanálise)


  1. Objetivo / O que traz


Um espaço seguro para trazer à consciência conteúdos inconscientes, explorar conflitos, trabalhar traumas, crenças fundantes, relações passadas, padrões repetidos.


  1. Como aplicar?


Procurar terapeuta com formação em psicodinâmica; manter sessões regulares; trabalhar com sonhos, transferência, associações livres, reflexões sobre padrões de relacionamento, memórias marcantes.



Por que algumas dessas coisas não te contaram?



  1. Há um mito de que “você controla tudo da sua mente” ou “se quiser, basta pensar positivo” — mas isso ignora a imensa parte inconsciente que regula emoções, crenças, reações automáticas.
  2. Freud e psicanálise foram estigmatizados ou mal compreendidos; muita psicologia popular simplifica demais conceitos como inconsciente, repressão, transferência, reduzindo a ideia a “coisa de velho”.
  3. A neurociência moderna às vezes parece distante, com muitos termos técnicos, então nem todos os dados chegam de uma forma acessível.
  4. Há forte interesse cultural em soluções rápidas, “truques”, autoajuda superficial, quando muitos processos mentais profundos exigem tempo, reflexão, exposição gradual, apoio.


Exemplos de casos práticos:


  1. Tomar decisões ruins repetidamente: alguém que sai de relacionamentos ruins pode repetir o padrão sem entender por quê. Muitas vezes é uma crença inconsciente (“não mereço”, “todos vão me abandonar”) que guia escolhas, sem que a pessoa perceba.
  2. Medo inexplicável, ansiedade difusa: sem evento atual claro, mas há sensação de inquietação. Pode haver memórias reprimidas ou conteúdos emocionais antigos (traumas, perdas) atuando por debaixo.
  3. Procrastinação ou bloqueio criativo: pode ser resultado de conflito inconsciente entre desejo e medo — por exemplo, querer mudar, mas medo de falhar ou de ser julgado. Esse medo pode vir de mensagens internalizadas na infância ou padrões familiares.
  4. Relações interpessoais repetitivas: “sempre me relaciono com pessoas que me repetem os mesmos problemas”. Pode ser transferência, onde você espera inconscientemente que outras pessoas se portem como figuras do passado, repetindo padrões não resolvidos.


Cuidados e distinções importantes


  1. Nem tudo que se fala sobre “subconsciente” em autoajuda ou internet tem respaldo sólido. É importante distinguir o que tem base científica / clínica do que é conjectura ou metáfora.
  2. Alguns mecanismos inconscientes, como memórias reprimidas, ainda são controversos em termos de como e se recuperá-los. Nem sempre é recomendável buscar “lembrar tudo” sem suporte profissional.
  3. Terapia pode trazer sofrimento inicial, pois acessar o inconsciente implica confrontar emoções negligenciadas, traumas, ansiedades. É um processo gradual.


Se tudo isso te toca, se você sente que há algo em você que age “nos bastidores” e que te impede de ser livre, de viver com mais autenticidade, pode ser muito benéfico procurar ajuda profissional.


Quero convidar você a considerar meu trabalho com abordagem Psicodinâmica. Possuo experiência em explorar os conteúdos inconscientes, os conflitos internos, as crenças enraizadas, trabalhando sonhos, memórias, padrões emocionais e relacionais, tudo com cuidado, segurança e profundidade.


Será um prazer te ajudar !


Até o próximo artigo.